terça-feira, 26 de junho de 2012

Autonomia e Luta Nº 10


Avaliação das Eleições do Sintep Subs ede Cuiabá - 2012

Há anos os trabalhadores da educação de Mato Grosso tem sofrido com um sindicato burocrata, que usa a estrutura sindical para suas construções político partidárias. Como se não bastasse, a direção do SINTEP tem servido mais como porta voz e “testa de ferro” do governo municipal e estadual do que como real representante da categoria dos trabalhadores da educação.

 Enquanto os dirigentes do SINTEP abraçam os patrões deixam a mercê toda categoria, que amarga baixos salários, quase nenhuma garantia de direito, principalmente para os contratados, péssimas condições de trabalho além do total descaso com a carreira dos trabalhadores da educação com especial destaque para apoio e técnicos. Esse  quadro tem feito com que boa parte da categoria se desinteresse pelos espaços do sindicato e se desfilie, dificultando ainda mais a mudança de direção.

Apesar do baixo índice de filiação, total controle da comissão eleitoral por parte da atual direção e curto prazo para inscrição de chapa, inscrevemos nas eleições da Subsede Cuiabá a chapa “Autonomia e Luta – Quando os Debaixo se Movem os de Cima Caem” para fazer o debate com os trabalhadores apresentando e construindo alternativas dentro da luta sindical. Com apenas 6 membros a Chapa Autonomia e Luta enfrentou chapas com mais 30  membros financiados pelas grandes estruturas partidárias e Cutista. Em uma verdadeira  campanha no escuro, os membros da chapa, junto com os apoiadores percorreram durante as 2 semanas de campanha boa parte das 230 unidades escolares sem ao menos saber qual delas tinham filiados.

O restrito controle dos filiados é feito a sete chaves pelos atuais dirigentes do sindicato dificultando ainda mais a campanha oposicionista. A comissão eleitoral que segundo o regimento das eleições deveria divulgar um mês antes das eleições a lista de votantes não o fez.  De qualquer forma o debate foi feito com toda categoria independente de serem filiados ou não.

 Dos cerca de 5.000 filiados em Cuiabá tivemos uma votação com 1.514 votantes. Atingindo um índice de abstenção de quase 70%, e mesmo com todo controle feito pela direção do sindicato, a  chapa 1 de oposição denominada “Autonomia e Luta” conseguiu  11,2% dos votos (170 votos), contra 32,8% (497 votos) da chapa 2  formada por integrantes de grupos  minoritários do PT e PDT  e 51,8% (785 votos) da chapa 3 da atual direção da subsede Cuiabá (hoje PSB) aliada  ao grupo  majoritário do PT (que comandam a direção estadual do SINTEP e a SEDUC). Os votos brancos e nulos na subsede de Cuiabá foram 62 (4%).

A “vitória” da chapa 3 marca uma nova política de aliança dentro do Sintep os grupos da Central e da subsede que eram “rivais” se uniram por medo  de perder o controle da subsede Cuiabá. Na eleição de 2009 esses grupos saíram em chapas diferentes obtendo só a chapa da ligada a atual gestão 60% enquanto a chapa da Central obteve 15%. Resultado que somados chegaram a 75% dos votos. Essa foi a força desses dois grupos em 2009. Em 2012 tiveram que se unirem, colocar toda a estrutura do sindicato e dos partidos para obterem os 51,8%. Obtendo uma queda de desempenho de quase 25 pontos percentuais. O que mostra uma perda de apoio da categoria imensa, sem contar o grande número de descontes que se desfiliaram nesses últimos 3 anos e, aqueles que nem chegaram a se filiar por discordarem das práticas da atual gestão.

Para eleição estadual concorreu uma única chapa (de continuação do PT na gestão) obtendo um índice de rejeição em Cuiabá de quase 40% com os 580 votos nulos e brancos. Demonstrando o grande grau de insatisfação que temos na categoria. O resultado final(estado) da eleição da central até uma semana depois da eleição não foi divulgado.

                Agradecemos esses 170 votos de confiança que expressam a vontade de construir um sindicato forte que tenha a “cara” do trabalhador e também pelas centenas de pessoas não sindicalizadas que apoiaram mesmo sabendo que não poderiam votar. A todos reiteramos a necessidade de filiação e participação para que possamos transformar dia após dia o nosso sindicato e nossas escolas. Esse movimento cresce, por AUTONOMIA  frente aos partidos e aos patrões e LUTA  por qualidade na educação. Continuaremos nos organizando independente das eleições; nossa tarefa não finda aqui, apenas começamos pois quando os debaixo se movem os de cima caem  e já começaram a cair.

E então, que quereis?...

Maiakóvski


Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.

Não estamos alegres,
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as

como uma quilha corta
as ondas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário